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Um dia descobri que o meu pai não era perfeito. Foi como se o mundo desabasse, para mim.
Descobri, também, que a minha mãe não era perfeita. Então, senti mesmo que o chão debaixo dos meus pés tinha fugido para todo sempre.
O meu “Mundo Perfeito” deu lugar ao caos, na minha cabeça, e não tive outro remédio senão chorar. Chorei e fiz o luto do “Mundo Perfeito” que, afinal, não existia senão dentro da minha mente.
Descobri, por fim, que ninguém é perfeito (nem eu própria).
Mas descobri também que, na nossa imperfeição, nós somos, de facto, perfeitos.
Todas as nossas vidas se cruzam, em algum ponto da nossa vida, e todos temos algo a aprender e a ensinar uns aos outros.
E essas lições tanto podem ser agradáveis, como podem provocar dor. E felizmente que o prato está normalmente bem equilibrado.
Uma vez li um pequeno conto de Neale Donald Walsh, chamado “A Pequena Alma e o Sol”, em que uma pequena Alma, antes de encarnar, resolve vir aprender sobre o Perdão, na sua próxima encarnação. Ela quer aprender a perdoar.
Então Deus diz-lhe: “Isso é muito especial. Mas devo avisar-te… É que não há ninguém a quem perdoar!”
“Ai não???? Como assim?”, perguntou a Pequena Alma.
“É que tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única Alma, em toda a Criação, que seja menos perfeita do que tu!”.
E a Pequena Alma olhou à sua volta e teve de concordar com Deus. Realmente, nenhuma parecia menos maravilhosa ou menos perfeita do que ela. Então, ela ficou muito triste. Até que uma Alma Amiga lhe disse:
“Não te preocupes. Eu vou ajudar-te! Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.”
“Mas porquê?” perguntou a Pequena Alma. “Porque é que tu farias isso? Tu, que és tão luminosa, tão perfeita! O que é que te levaria a entrares na minha vida e tornares-te tão pesada, a ponto de me fazeres algo de mal?”
“É simples… porque te amo!” respondeu a Alma Amiga.
A Pequena Alma ficou muito contente: “És um anjo, por estares disposta a fazer isso por mim.”
Então Deus interrompeu e disse: “Claro que é um anjo. São todas! Lembra-te sempre de que não te enviei senão anjos!”
Esta pequena história mudou a minha consciência. Mudou a minha percepção sobre o bem e o mal, sobre a luz e a sombra. Percebi que todas as lições que aprendi até agora, o fiz porque houve Anjos que, um dia, concordaram em entrar na minha vida e me ensinarem algo. E eu a eles.
E que, mesmo que me façam sofrer, é para que eu aprenda algo. Tudo tem uma razão. E não é só para aprender a saber perdoar, é muito mais do que isso. É para aprender a valorizar-me, a tornar-me mais solidária, mais feliz, mais humana e mais Divina, também.
Aprendi que, qualquer que seja o problema (hoje em dia gosto mais de lhes chamar desafios), tenho sempre escolha. Posso escolher ser a vítima, mas posso também ser a guerreira, que ergue a sua espada e procura entender qual a razão porque está a passar por isto, e qual é a lição que pode aprender aqui. E tenho sempre lições a aprender…
Obrigada Pai, obrigada Mãe, por todas as lições de Amor que aprendi convosco! Obrigada a todos os que passaram pela minha vida, os que estão nela agora, e os que virão ainda.
Obrigada por me ajudarem a tornar-me, cada vez mais, um Anjo.